domingo, 9 de março de 2025

Tem coisas que a gente não devia esquecer...

 


Perdi a conta de quantas vezes fui machucada pela mesma amizade, sem nem entender o que faltava para eu colocar um limite.

Às vezes, amizade é só uma ilusão, sei lá. Um troço que a gente idealiza e fica ali, perdendo tempo, achando que o outro nos vê com o mesmo carinho e respeito... até que um mal-entendido acontece e paah – tu só quer fugir pras colinas, pra um canto mais confortável, longe das pessoas e, principalmente, dessa amizade.

Uma amizade que poderia ser eterna, se não causasse tanto desconforto.

Esse ciclo, que espero ter fechado de vez agora, já me deixou em muitas situações ruins. E, por muito tempo, parecia que eu só estava esperando que ela me mandasse embora de vez... como se o limite tivesse que vir dela, e não de mim.

"Fica aí... me maltrata quantas mil vezes você quiser, eu me refaço".

Não devia ser assim… Eu não devia ter me metido tão fundo nisso.

Era pra eu ter ido embora na primeira vez que percebi que os amigos dela riam de mim… e ela parecia achar graça.

Era pra eu ter ido embora quando ela foi falar com o cara que eu disse que gostava, flertou com ele e depois veio me contar – rindo de novo – que ele disse que eu me vestia como a empregada dele e que queria era ficar com ela... E nos dias seguintes seguiu me contando o que ele falava na troca de mensagens dele, as brincadeiras que fazia na escola, as vezes que pediu pra ela ficar com ele... Eu podia ter dado meu limite.

Era pra eu ter ido embora todas as vezes em que ela me pedia pra ficar porque não queria ficar sozinha com os caras que ela mesma chamava pra casa dela… mas depois reclamava com eles que não dava pra ficar porque eu estava lá. E eu ia ficar chateada. E eles me tratavam mal pra eu me tocar e ir embora. E ela ria... E eu ficava lá, desconfortável, mas achando que eu tava ajudando alguém, porque ela me pedia "pelo amor de Deus" pra não ir...

Se, em todas as humilhações que eu sofria, ela achava graça… por que raios eu ficava?

Amizade não é humilhação. Não é submissão. É companhia. É colo. É acolhimento.

Se ela fazia coro com as risadas, o que mais eu tava esperando pra ir embora?

Falando em acolhimento… e aquela vez em que ela me ligou pedindo ajuda pra escolher a roupa do encontro, e eu disse: ‘não dá, meu avô morreu’? E ela apareceu na minha porta, mesmo assim, só pra me mostrar a roupa do encontro. Já que eu não queria ‘me distrair’ ajudando ela a escolher...

Já passei por cada coisa nessa amizade que ninguém tem ideia... Nem nunca terá.

Foi essa pessoa que me chamou de infantil essa semana.

A mesma que recebeu dicas de ajustes como se fossem um ataque pessoal.

A que reclamou que eu não sabia tratar clientes… esquecendo que ela era minha amiga e ignorando que eu falei que a minha mãe não estava bem... Sempre enxergando apenas o lado dela. 

"Ela é assim desde criança… tu já devia saber".

Juro que recebi isso com surpresa. Foi quando revisei toda a nossa amizade… e me dei conta das reclamações que fiz ao longo dos anos – nos meus diários, aqui no blog…

Reclamações sobre não ter uma amizade que acolhia. Sobre não poder desabafar sem que, em algum momento, minhas próprias palavras se virassem contra mim... Lembrei, finalmente, por que parei de falar com ela antes do nosso último hiato de amizade: ela disse que minhas opiniões não valiam porque eu não era mãe.

E disse isso sem hesitar, sem se preocupar.

Sem nem saber o que eu sentia sobre o fato.

Ela escolheu o tom em que ia receber minha mensagem. E, claro, não foi o mesmo tom com que eu enviei.

E fiz do limite dela o meu, quando era pra ser de outra forma desde o início... Eram minhas dores o limite. Era quando ela me machucava que eu devia ir embora.

Ela me chamou de infantil. Disse que eu era uma péssima profissional. Que me pagaria por um serviço incompleto… sendo que estava completo. E além.

Eu observei aquilo como se estivesse fora do meu corpo.

Não havia nem cobrado ela (sempre envio o valor antes de entregar o trabalho – já tinha dito isso no dia anterior, quando muita gente não entendeu quem eu cobrava, uma brincadeira com um amigo meu)...

Ela falou coisas como se não me conhecesse. E, naquele momento, eu percebi que, de fato, não conhecia ela.

As escolhas de palavras eram ruins. Cruéis.

Nenhum cliente jamais me chamou de infantil. Nenhum disse que eu não sabia responder uma dúvida... Eu estava cansada, estava sem paciência...

Eu podia ter deixado passar.

Mas ela me ofendeu como nenhum amigo de verdade faria.

Basta um mal-entendido pra gente perceber que algumas mãos a gente solta antes que elas nos deem um tapa.

Só espero que dessa vez eu não esqueça... E não permita voltar quem há muito tempo já devia ter partido.

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